A fáscia plantar é um tecido espesso (aponevrose), com origem no tubérculo medial do calcâneo e que se prolonga até aos dedos do pé, tendo um papel importante na manutenção do arco do pé,(1) para além da participação ativa na marcha, durante a fase de propulsão.(2)

A Fascite Plantar é descrita como uma retração da fáscia, causando dores, com mais frequência na região do calcanhar e que tende a agravar quando a pessoa coloca carga sobre o pé, como por exemplo durante uma caminhada ou corrida e quando se coloca em pé após um período em repouso. (3)

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Figura 1 – Anatomia do pé

Estima-se que, aproximadamente, 10% da população mundial seja afetada por esta patologia, sendo detetada com mais frequência nas mulheres.(4)

Causas / Fatores de Risco

A Fascite Plantar é diagnosticada, habitualmente, em indivíduos com um estilo de vida ativa, seja em termos do exercício, ou da atividade física que o dia-a-dia de cada pessoa exige. No entanto, são também descritos por diversos autores, fatores de risco que advêm de um estilo de vida sedentário. (5) A literatura sugere a existência de vários fatores intrínsecos e extrínsecos ao utente, existindo a possibilidade de alguns serem modificados. (6)

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Tabela 1 – Fatores de risco intrínsecos para a Fascite Plantar. (1)

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Tabela 2 – Fatores de risco extrínsecos para a Fascite Plantar. (1)

Diagnóstico

O diagnóstico da Fascite Plantar é baseado, principalmente, num exame clínico, no qual se deve considerar o historial do utente e os diversos sintomas. Outros tipos de testes apenas são necessários em caso de trauma no pé ou se os sintomas persistirem após tratamento.(7)

O recurso a exames de imagiologia pode ser necessário se surgirem dúvidas na restante avaliação, dado que permitem que outras patologias sejam descartadas, tais como fraturas do calcâneo e esporões, cujos sintomas são similares aos da Fascite Plantar.(8) Nessas situações recorre-se ao Raio-X, Ressonância Magnética e à Ecografia (sendo este o mais tolerado e seguro para o utente).(9)

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Figura 2 – Esporão representado num Raio-X. (13)

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Figura 3 – Fascite Plantar representada numa Ecografia.

Tratamento

O tratamento da Fascite Plantar passa, sobretudo, por intervenções não cirúrgicas, sendo que a cirurgia apenas será realizada em situações nas quais não se verifiquem melhorias num período superior a 12 meses.(10) A intervenção deve ser coordenada através de uma equipa multidisciplinar de Profissionais de Saúde (médico, Fisioterapeuta, Podologista) e irá depender da evolução da patologia, exemplificada na Tabela 3.

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Tabela 3 – Fases e modalidades de tratamento (adaptado). (7, 14)

A Fisioterapia é uma das principais opções, envolvendo diversas técnicas e modalidades terapêuticas, cujos principais objetivos passam por diminuir a inflamação, melhorar o condicionamento, assim como sinergia muscular e articular. (7)

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Tabela 4 – Modalidades da Fisioterapia aplicadas na Fascite Plantar. (10)

1.Alongamentos das Cadeias Musculares Posteriores (15,16)

Os alongamentos das Cadeias Musculares Posteriores dos membros inferiores e com maior ênfase no Tendão de Aquiles permitem aumentar a flexibilidade do pé e tornozelo e, deste modo, diminuir a tensão/ pressão entre os segmentos corporais envolvidos.

2. Exercícios de Fortalecimento (17)

O fortalecimento dos músculos do tornozelo e dos intrínsecos do pé permitem o aumento da estabilidade dos vários segmentos corporais, prevenindo, deste modo, o aparecimento de lesões durante a marcha. Possibilitam, igualmente, a manutenção de uma arcada plantar normal.

3. Eletroterapia (18)

A Estimulação Elétrica Muscular auxilia na recuperação de um tónus muscular normal, complementando-se com os exercícios de fortalecimento. Em conjunto com o ultra- som permitem uma diminuição das dores.

Prevenção e Exercícios no Domicílio

É relevante que a pessoa tenha perceção de como gerir as suas atividades de vida diária e que entenda que a Fascite Plantar pode ter origem em diversos fatores que advêm do seu dia-a-dia. Para isso, o Fisioterapeuta poderá ensinar diversas técnicas de prevenção e alívio, como, por exemplo, programas de exercícios no domicílio.

É igualmente importante reforçar a ideia de que o utente deverá adaptar as suas atividades de modo a que não se verifiquem excessos de esforços ou sobrecarga sobre as várias articulações.

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Figuras 4 e 5 – Exemplos de auto-alongamentos das estruturas da planta do pé. (11)

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Figura 6 – Exemplo de exercício. (13)

A Fascite Plantar afeta principalmente mulheres, jovens e atletas, podendo tornar-se uma patologia algo incapacitante se não for acompanhada e tratada o mais precocemente possível. O processo de reabilitação deve envolver uma equipa multidisciplinar, abrangendo Profissionais de Saúde como os Fisioterapeutas, Médicos Especialistas em Medicina Física de Reabilitação, Ortopedistas e Podologistas.

A reabilitação poderá ser prolongada- semanas a meses-, mas é eficaz na maioria dos casos. Por esse motivo, é importante que se implemente um tratamento adequado aos achados clínicos e que o utente siga as recomendações dadas.

Autor

Diogo Monge Fisioterapeuta (C-047398078) no CMV – Centro Médico de Viseu: ERS Nº E101308 | Lic. Func.: 16687/2018.

Artigo revisto em parceria com o Dr. Luís Boaventura (OM 48618) , Médico Especialista em Medicina Física e de Reabilitação e Gabriel Martins da Costa (C-040160076) e CEO do Grupo CMV

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